O dia 24 de outubro éw marcado pelas comemorações da integração dos povos. Isso porque é considerado o dia da ONU, a Organização das Nações Unidas. O MQJ Memória pega carona na data para relembrar um dos dias em que a Seleção Brasileira deu a sua contribuição para a paz mundial. Diz a lenda que no século passado Pelé conseguiu parar até uma guerra na África. Mas foi em 2004 que o time canarinho ajudou a resgatar o orgulho de um povo, o do Haiti.
O ano era 2004 e o Haiti vivia uma situação de calamidade após uma guerra civil. O Governo brasileiro enviou tropas para ajudar na reconstrução do país. Mais de 80% dos haitianos vivia abaixo da linha da pobreza. Já metade do país sequer sabia ler.
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A ONU procurou o então presidente brasileiro Lula para tentar melhorar ainda mais o processo e surgiu a ideia de um amistoso da Seleção Brasileira. A Fifa deu seu aval e pediu a clubes europeus que liberassem jogadores mesmo sem ser uma data específica. Apenas Milan e Bayern de Munique não aceitaram. Assim goleiro Dida, o lateral-direito Cafu e o meia Kaká, todos do time italiano, e o zagueiro Lúcio e o meia Zé Roberto, do time alemão, não participaram.
De olho em sediar a Copa do Mundo de 2014, o que viria a acontecer, a CBF mergulhou fundo no projeto. O amistoso foi marcado para 18 de agosto.
– Na época muitas pessoas duvidavam da importância daquela viagem, falavam de questões políticas. Mas quando as imagens rodaram o mundo ninguém mais achou aquilo lá inútil. Já vivi grandes emoções no futebol. Entretanto não tenho dúvidas de que ali foi a maior emoção – disse o técnico Carlos Alberto Parreira, que comandava a Seleção Brasileira na época.
Forte esquema de segurança para o Brasil
Com tudo acertado coube a ONU, as forças armadas brasileiras e o que sobrou das tropas do Haiti organizarem a segurança do jogo. Por conta de risco de atentado, a Seleção Brasileira chegou ao país duas horas antes da partida e foi embora no mesmo dia do duelo.
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Mais de mil homens fizeram a segurança dos craques, que foram de comboio militar até o estádio. Apesar da determinação de ficarem nos tanques, os atletas não resistiram e começaram a acenar para a população.
– Não dava para se manter firme, como se nada tivesse acontecendo. Algo que não é possível descrever – disse o meia Edu.
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Anos depois um documentário feito pelos haitianos e com o nome “O Dia em que o Brasil Esteve Aqui” descreveu o que foi aquela passagem: “O Brasil veio para o Haiti com a sua arma mais poderosa: o futebol.”
Haitianos teriam bicho por gol ou vitória
Quem pensa que o Haiti estava pensando apenas em disputar um amistoso se enganou. O pensamento era o de surpreender. O primeiro-ministro do país caribenho, Gerard Latortue, prometeu 100 dólares (hoje mais de R$ 500) para cada membro da delegação em caso de triunfo. Além disso, quem marcasse um gol ganharia mil dólares (mais de R$ 5 mil).
– Precisava motivar os atletas e passar confiança – disse o dirigente após o jogo.
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Mas os atletas estavam mesmo é querendo ver os seus ídolos.
– Foi uma honra jogar com os campeões do mundo – disse Jean-Jacques Pierre, zagueiro e capitão do Haiti.
Seleção Brasileira goleou com facilidade
Em campo o domínio da Seleção Brasileira nunca esteve ameaçado. Mesmo em um clima de c alor intenso os jogadores se dedicaram em campo. Roger abriu o marcador aos 19 minutos e ainda deixou mais um no primeiro tempo. Ronaldinho Gaúcho fez outro e o Brasil foi para o intervalo ganhando por 3 a 0.
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Na segunda etapa Ronaldinho Gaúcho, um dos mais empolgados, fez mais dois gols. Nilmar também deixou a sua marca e os 6 a 0 nasceram com facilidade.
– O gol mesmo foi marcado fora de campo – disse Ronaldinho.
Abaixo a ficha técnica do confronto:
FICHA TÉCNICA
HAITI 0 X 6 BRASIL
Local: estádio Sylvio Cator, em Porto Príncipe (Haiti)
Árbitro: Paulo César de Oliveira (BRA)
Cartões amarelos: Roger (BRA)
Gols:
brasil: Roger aos 19 e aos 41 e Ronaldinho Gaúcho aos 32 minutos do 1º Tempo e Ronaldinho Gaúcho aos 21 e aos 36 e Nilmar aos 40 minutos do 2º Tempo
HAITI: Max (Gabart), Thelanor, Germain (Jacques), Gabbardi e Bourcicaut (Stephane); Guillaune, Bourdot (Barthelmy), Gilles (Telamour) e Romulut (Mones); Fleury (Francis) e Desir (Herold)
Técnico: Carlo Marzelin
BRASIL: Júlio César (Fernando Henrique), Belletti, Juan (Cris), Roque Júnior e Roberto Carlos (Adriano); Juninho Pernambucano, Gilberto Silva (Renato), Edu (Magrão) e Roger (Pedrinho); Ronaldinho e Ronaldo (Nilmar)
Técnico: Carlos Alberto Parreira
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