Toda vez que Flamengo e São Paulo se encontram é hora de lembrar dos craques que escreveram a história desses dois clubes. Mas quando essas histórias se encontram em um nome a emoção é ainda maior. E quando esse craque vira nome de chocolate, faz declaração de amor ao Mengo jogando por um rival e leva a fama de inventar a bicicleta é sinal de que deve ser muito valorizado. Este é Leônidas da Silva, o Diamante Negro, tema do MQJ Memória de hoje.
Leônidas nasceu no bairro do São Cristovão, clube que defendeu no começo da carreira, em 1929, e que revelou outros grandes nomes do futebol brasileiro, como Ronaldo Fenômeno. Mas passou a chamar atenção pelo Bonsucesso, quando foi convocado para a Seleção Carioca e despertou o interesse do Peñarol do Uruguai.
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A passagem pelo futebol uruguaio foi comprometida por uma lesão e ele voltou ao Brasil pelas mãos do Vasco. Foi campeão carioca e contratado pelo Botafogo, onde também foi campeão. Tinha grande destaque no futebol carioca.
Saída polêmica do Botafogo
Em 1936 o Botafogo estava em uma excursão pelo Rio Grande do Sul quando acabou sendo sincero demais em uma entre vista para a imprensa local. Disse que seu clube de coração era o Flamengo. O fato, mesmo sem redes sociais, chegou rapidamente ao Rio de Janeiro, revoltando os botafoguenses.
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Polêmico dirigente alvinegro, Carlito Rocha, que presidia o Botafogo, cobrou o jogador no retorno ao Rio de Janeiro.
– Depois dele dizer aquilo o chamei na minha sala e ele disse que era verdade. Na mesma hora sabia o que fazer. Ele tinha uma dívida no clube de cinco contos de réis. Estipulei o passe dele por este valor, mesmo sabendo que ele valia mais, só para mostrar o que estávamos pensando sobre ele. Mandei ele embora na mesma hora e o Flamengo foi buscar. Não poderia aceitar uma situação dessas – desabafou o dirigente.
No Flamengo, Leônidas da Silva virou chocolate
No Flamengo Leônidas virou destaque, sendo campeão carioca. Em 1938 foi convocado para a Copa do Mundo de 1938. Naquele tempo era comum os craques terem apelidos, normalmente dados por cronistas esportivos. Assim Leônidas era chamado de “Homem de Borracha” ou de “Diamante Negro”.
Em comemoração à Copa do Mundo, uma empresa lançou um chocolate e deu o nome de Diamante Negro para homenagear o jogador. A Lacta pagou a Leônidas da Silva três mil réis pelo uso da marca, que continua sendo usada até a atualidade, sendo uma das mais tradicionais do portfólio da Kraft.
– Era muito comum isso e os jogadores gostavam desses apelidos, pois eles eram valorizados. O chocolate foi criado logo depois da Copa e homenageou o Leônidas pois, mesmo sem o título, foi considerado o grande craque do torneio – relembrou o jornalista Waldir Amaral pouco antes de morrer.
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Mas nem sempre foram flores no Flamengo. O jogador passou a despertar o interesse dos publicitários e o excesso de propagandas começou a irritar os dirigentes. Além disso revoltou os torcedores pela recusa do craque de viajar para a Argentina para uma excursão por conta de uma lesão no joelho.
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Mas o estopim para a sua saída foi quando foi preso pela Polícia Militar por uso de documento falso. Ele foi acusado de fraudar uma carteira de reservista para conseguir um emprego público. Antigamentw os craques tinham dois empregos. Zagalo, por exemplo, trabalhava na Caixa Econômica Federal.
Leônidas foi ser pentacampeão no São Paulo
O clima negativo forçou a saída do Flamengo. O São Paulo contratou o jogador, que se tornaria um dos maiores ídolos da história do Tricolor do Morumbi. Sua estreia bateu o recorde de público do estádio do Pacaembu, com mais de setenta mil torcedores presentes.
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Assumiu o protagonismo no São Paulo, ganhando por cinco vezes o título do Paulistão. Foi campoeão nos anos de 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949. Pelo clube carregava a idolatria dos torcedores.
– Foi uma questão de identificação, como era como Flamengo. O São Paulo me acolheu de uma forma que nunca vou me esquecer – disse ele pouco antes de morrer.
Bicicleta: não era bem assim
A imprensa tratava Leônidas da Silva como o inventor da bicicleta. Mas não era bem assim. Fez o lance em algumas vezes na carreira, sendo a primeira delas quando ainda defendia as cores do São Cristovão. Em todas as entrevistas dizia que foi ele quem inventou.
Mas pouco depois de encerrar carreira o craque revelou que não inventou nada. Além disso disse que viu em 1914 o jogador espanhol naturalizado chileno Ramón Unzaga fazer o lance, também conhecido como chilena, e o copiou.
Em 1950 o craque encerrou carreira e virou dirigente no São Paulo. Mas sua última atividade, que exerceu por mais de dez anos, foi a de comentarista esportivo, inclusive ganhando muitos prêmios. Leônidas morreu em 2004, em São Paulo, por complicações pelo Mal de Alzheimer. Mas a lenda vive até hoje.
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