Januário de Oliveira morreu na última segunda-feira. Mas a sua voz vai ficar no imaginário dos torcedores brasileiros, principalmente os cariocas. Nos anos 80 e 90, em algumas emissoras de televisão, principalmente na Rede Bandeirantes e na TVE, ele deixou a sua marca. O MQJ Memória de hoje pega carona na saudade deixada pelo craque dos microfones para relembrar outros que, assim como ele, deixam saudades nas transmissões esportivas de rádio e televisão.
Januário de Oliveira deitou e rolou na criação de bordões. Desde os anos 80 ele já carregava com ele frases para momentos importantes do jogo. Era a bola rolar que ele gritava: “Taí o que você queria, bola rolando no…”. Bastava um jogador se machucar e cair no gramado e a gente ouvia o “Ta lá um corpo estendido no chão”.
Os apelidos dos craques
A partir dos anos 90 o locutor passou a dar apelido aos jogadores que de destacavam. O primeiro foi Valdeir, atacante do Botafogo que era marcado pela velocidade. Januário passou a chamá-lo de “The Flash” em uma alusão ao herói que fazia sucesso na TV. Sávio, atacante do Flamengo, era o “Anjo Loiro”. Mas nenhum jogador ficou tão marcado pelo apelido de Januário quando o centroavante Ézio do Fluminense, time de coração de Januário.
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Em um empate por 2 a 2 com o Botafogo, Ézio marcou os dois gols alvinegros. Ao narrar Januário de Oliveira não teve dúvidas em dizer: “Ézio, o Super-Ézio, pois Super-herói é para isso”.
– Na semana daquele jogo eu estava conversando com um amigo e nós falávamos que o time do Fluminense era muito fraquinho. Mas que mesmo assim o Ézio conseguia fazer gols. Aó chegamos a conclusão de que ele era o herói do Fluminense. Depois daquilo voltei para casa, mas não apaguei a conversa. Na hora do jogo acabou saindo e caiu no gosto da torcida. Pronto, estava criado o Super Ézio, o super-herói do Fluminense – relembrou Januário de Oliveira recentemente.
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Januário não está sozinho
Mas Januário Oliveira não é o único a deixar saudades. Recentemente perdemos para a Covid-19 Paulo Stein. O locutor morreu em março e deixou um legado de grandes transmissões. Estava no SporTV e teve passagem por várias emissoras. Mas marcou época nas transmissões do Campeonato Carioca pela Rede Manchete no fim dos anos 80. O gol mais famoso que narrou foi o de Maurício, que quebrou um jejum de 21 anos sem títulos do Botafogo. O Glorioso derrotou o Flamengo por 1 a 0 na final.
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Outro que fez história na TV foi Marco Antônio, que imortalizou as transmissões de vôlei no Brasil nos anos 80. Com bordões como “Afunda, afundão, afundou, Taaaaande” e “O Brasil pegou o elevador” para destacar uma vantagem larga no placar. Ele morreu no auge da carreira, em 2004, vítima de um acidente de carro.
Rádio também produziu talentos
O rádio também produziu grandes locutores. Uma referência era Waldyr Amaral. Foi ele quem deu o apelido de Galinho de Quintino a Zico. Também abusava dos bordões como “Tem peixe na rede do…” ao falar de um time que levava gols. Nas transmissões no Maracanã fechava o dia com a tradicional frase: “Está deserto e adormecido o gigante do Maracanã”.
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Nos anos 60, 70 e 80 os torcedores da Rádio Globo vibraram com os gols de Jorge Curi. O locutor colocava emoção em campo e era um torcedor fanático do Flamengo. Um acidente de carro matou Jorge Cury em 1985. Quem dividia muitas transmissões com ele e com o mesmo estilo de transmissão era Doalcey Bueno de Camargo, que morreu em 2009 vítima de um infarto fulminante. Dodô, como era chamado. tinha seus bordões. Em uma sequência de dribles dizia: “Bateu o primeiro, bateu o segundo, bateu espetacularmente o terceiro”. E se um jogador que não era ponta caía pelos lados lá vinha ele: “Lá vai fulano como se fora ponteiro”.
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Há três anos o câncer no fígado levou César Rizzo, que brilhou em várias emissoras cariocas. “Sacudindo o futebol do Brasil” era como ele se apresentava para iniciar as transmissões. Além disso César ficou conhecido também pelo engajamento política e por defender as causas dos menos favorecidos. Assim sua voz sempre vai ficar nos nossos corações.
Osmar Santos deixa saudades, mas ainda está vivo
Não é só os locutores que morreram que deixaram saudades. Osmar Santos está vivo, mas impedido de narrar desde 1994, ano em que um terrível acidente de carro gerou uma fratura no crânio. Assim a sua voz foi prejudicada.
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Osmar foi quem conseguiu imprimir a transmissão de velocidade na TV. Com um estilo parecido com o de rádio, deu intensidade a transmissões esportivas. “Pimba na gorduchinha” e “Assina que o gol é teu” são alguns dos bordões que marcaram a trajetória do locutor. Assim as transmissões esportivas marcaram história.
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