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MQJ Memória: Brasil já sediou Copa América em clima político quente. Relembre!

A Seleção Brasileira vai disputar a Copa América no país a partir deste domingo. Com a desistência de Argentina e Colômbia, o Brasil salvou a Conmebol e vai receber o evento. Assim o torneio acontecerá sob clima de tensão político. Os opositores ao presidente Jair Bolsonaro criticam o líder por ter aceito receber várias delegações em meio a uma pandemia. Assim a presença dele nos jogos pode ser marcada por protestos. Mas essa não é a primeira vez que o Brasil vai receber o torneio sob forte pressão política. Em 1989 a Seleção Brasileira de Sebastião Lazaroni.

O Brasil vivia um ano eleitoral com vários nomes de peso disputando a presidência da República. Com Lula e Fernando Collor com o passar do tempo despontando como favoritos ao pleito, vencido pelo segundo. Mas a eleição foi só em dezembro e a Copa América no meio do ano.

Seleção Brasileira ganhou na raça e na técnica a Copa América de 1989 (Foto: Arquivo CBF)

Com alguns partidos políticos inflamando uma disputa entre Nordeste e Sudeste, o futebol também vivia este clima. Dois anos antes Flamengo e Sport travavam uma luta que durou décadas sobre o título brasileiro.

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Em 1988 o Bahia deu a volta olímpica no Brasileirão, mas sem nenhum jogador do time como titular da Seleção Brasileira.

– Tinha um clima muito grande de revolta do torcedor baiano contra a Seleção Brasileira porque havia o entendimento de que vários nomes daquele time deveriam ser convocados. Mas não era uma realidade isso. O Bahia ganhou pelo conjunto, embora tivesse bons jogadores. Assim o clima de hostilidade foi grande por conta do Charles Baiano, que era o artilheiro do time – disse pouco antes de morrer Octávio Pinto Guimarães, presidente da CBF na época.

Ovo na cabeça de Renato Gaúcho e vaias na estreia

Renato Gaúcho leva ovo na cabeça contra a Venezuela (Foto: Youtube)

Antes da estreia, contra a Venezuela, na Fonte Nova, Lazaroni teria que divulgar os 20 convocados. A expectativa era enorme pela presença de Charles. Mas ele ficou de fora da relação. O presidente do Bahia, Paulo Maracajá, foi para a concentração da Seleção e tirou o atleta pelos braços.

– Fizeram uma molecagem com o povo baiano. Vieram para a Bahia para debochar da gente – disse o então deputado que presidia o Bahia.

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Diretor da CBF, o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, tentou convencer Lazaroni a trocar um dos questionados do elenco, o meia Cristóvão Borges, hoje treinador, ou o artilheiro Baltazar por Charles Baiano. Mas não teve sucesso.

– Eu sempre olho nos olhos dos jogadores e jamais admitiria qualquer interferência externa na lista de convocados – disse Lazaroni a Eurico, que acatou a decisão do treinador.

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A medida que a notícia do corte de Charles se espalhava os baianos gritavam que o Brasil só era o maior exportador de laranjas do mundo por causa do estado, acusavam a CBF de preconceito e queimavam ingressos e a camisa da Seleção Brasileira. Na entrada do campo o atacante Renato Gaúcho acabou recebendo um ovo podre na cabeça.

– Lamentável fazer isso com a Seleção Brasileira – disse Renato Gaúcho.

Em campo o Brasil jogou mal. Mas ganhou por 3 a 1 pela fragilidade da Venezuela. Mesmo assim Maldonado fez o primeiro gol venezuelano da história do confronto. Bebeto, Geovani de pênalti e Baltazar fizeram os gols canarinhos. O Brasil formou com: Taffarel, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e André Cruz; Mazinho, Geovani, Tita (Silas), Valdo e Branco; Bebeto (Baltazar) e Romário.

Brasil só decolou depois que deixou a Bahia

Placar de Brasil x Peru mostra o clima na Fonte Nova (Foto: Arquivo CBF)

O Brasil ainda fez dois jogos na Fonte Nova empatando sem gols com Peru e com a Colômbia Após os jogos o placar eletrônico apontava que era os resultados eram o “fim da picada”. Isso refletia a rejeição do povo baiano.

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Com os tropeços o Brasil chegou à última rodada precisando vencer o Paraguai na última rodada. Após atuações ruins o time canarinho foi muito bem em campo. Mas muito se deveu ao apoio do povo pernambucano.

– O povo pernambucano deu muito carinho para a Seleção Brasileira. Sempre deu. Tanto que anos depois, nas Eliminatórias de 1994, muitos lembraram que a arrancada do tetra começou em uma goleada de 6 a 0 sobre a Bolívia no Arruda. Ali também foi muito importante – lembrou Bebeto.

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Foi do baianinho Bebeto os dois gols do Brasil contra os paraguaios. Os brasileiros ganharam por 2 a 0 e avançaram em segundo lugar do grupo para o quadrangular final, no Rio de Janeiro.

Seleção Brasileira brilhou no Maracanã e levou a taça

Bebeto marca golaço de voleio contra a Argentina (Foto: Arquivo CBF)

No quadrangular final o Brasil teria como rivais o próprio Paraguai, a Argentina de Maradona e o Uruguai. Na estreia os brasileiros fizeram um jogaço contra os argentinos e ganharam por 2 a 0, com direito a um golaço de Bebeto de voleio.

Na segunda rodada uma fácil vitória sobre o Paraguai por 3 a 0 com dois gols de Bebeto e um de Romário. Assim na última rodada o Uruguai entrou no Maracanã disposto a repetir um Maracanazo, igual ao que produziu na final da Copa do Mundo de 1950. As duas equipes tinham quatro pontos e mesmo saldo de gols e número de gols marcados. Assim só a vitória interessava.

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Após um primeiro tempo muito disputado e sem gols o Brasil ganhou com um gol de Romário anotado aos quatro minutos do segundo tempo. Mazinho cruzou e Romário cabeceou para o fundo da rede. Era a conquista do título e o fim de uma das Copas Américas mais polêmicas da história.

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