Um futebol alegre, envolvente. O menino negro, driblador, veloz e que não tinha medo de partir para cima dos adversários. Esse era Dener. Nunca um jogador foi tão parecido com Pelé dentro de campo. Por isso foi o personagem escolhido pelo MQJ Memória para a semana do aniversário do Rei. Infelizmente uma alegria nas pernas que durou muito pouco. Dener era um jovem da periferia paulista, vivendo em meio a tentações de vida fácil tão comum aos garotos pobres do Brasil. Teve até uma passagem pela Polícia, suspeito de furto. Mas logo o delegado percebeu que aquele garoto o máximo que poderia fazer era roubar a bola dentro de campo e o liberou.
Filho de família pobre, mas honrada, Dener viu no esporte a chance de fazer carreira. E foi nas categorias de base da Portuguesa que ele começou a despontar. A Copa São Paulo de Juniores de 1991 mudaria de vez a sua vida.
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Dener fez dupla com Sinval, centroavante que depois faria carreira no Botafogo. Em campo a Potuguesa foi uma verdadeira máquina de fazer gols e o aquele menino negro de alegria nos pés virou o sonho de consumo de vários clubes.
Grêmio foi atrás do craque da final
Goleado por 4 a 0 na final, o Grêmio, primeira grande vítima do jogador, conseguiu o seu empréstimo.
– A gente voltou com a delegação de São Paulo e todos os membros da comissão técnica me chamaram e pediram a sua contratação. Falavam que o Grêmio teria o novo Pelé. Então não me restou outra alternativa a não ser procurar a Portuguesa. Foi uma honra vê-lo com a camisa gremista. Mas não conseguimos mantê-lo após o empréstimo – lembrou Fábio Koff, então presidente do Grêmio.
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Pelo Grêmio Dener disputou 23 partidas e marcou quatro gols. Além disso foi campeão gaúcho de 1993 sendo importante na conquista. Números menores do que conquistou na Portuguesa, onde foi a campo 101 vezes, anotando 38 gols.
Vasco da Gama: o fim da carreira de Dener
Aquela altura Dener já tinha sido convocado algumas vezes para a Seleção Brasileira e ainda tentava de alguma forma convencer Carlos Alberto Parreira de que poderia disputar a campanha do tetra. Mas não vinha sendo mais lembrado pela Lusa e isso atrapalhou seus planos. Assim queria ir para uma vitrine mais forte.
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Após disputar o Campeonato Brasileiro de 1993 pela Portuguesa, Dener aceitou proposta do Vasco. Era a chance de jogar no badalado futebol carioca e com uma camisa de peso. Em uma viagem do time até a Argentina na pré-temporada foi disprado o melhor em campo em amistoso contra o Newell´s Old Boys. Indo para o vestiário viu uma mão se estender para lhe dar os parabéns e tomou um susto.
– Parabéns garoto, o Brasil vai ter um craque nas próximas gerações – disse ninguém menos do que Diego Maradona, que acompanha o confronto.
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Pelo Vasco se destacou logo nos primeiros jogos do Campeonato Carioca. Fez 17 jogos e marcou cinco gols. O último jogo foi em 17 de abril, no empate por 1 a 1 com o Fluminense. Foi expulso de campo e dois dias depois seria expulso dessa vida. Provavelmente convocado pelo time celestial.
Chance de jogar na Alemanha
Após o jogo Dener correu para São Paulo, pois tinha reunião com os dirigentes da Portuguesa. Na pauta a sua transferência para o Stuttgart da Alemanha. Tinha sido indicado ao clube pelo então volante Dunga, ídolo no clube alemão.
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Uma fatalidade acabaria com todos os seus sonhos. Na madrugada do dia 19 de abril, uma terça-feira, voltava do aeroporto. Na Lagoa Rodrigo de Freitas, ponto turístico do Rio de Janeiro, seu carro perdeu o controle. O amigo Oto dirigia o veículo e dormiu, se chocando com uma árvore. Com o banco inclinado, o atleta viu o próprio cinto de segurança prender sua respiração. Assim o laudo de sua morte determinou asfixia por lesão da laringe e uma contusão no pescoço.
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Batalha na Justiça
A viúva e os três filhos de Dener iniciaram uma longa batalha judicial para que o Vasco lhe pagasse o valor do seguro. No contrato de empréstimo o clube carioca tinha obrigação de fazer o seguro, mas isso não aconteceu. Assim Lusa e Vasco iniciaram uma disputa nos Tribunais com os familiares de Dener ao lado do clube paulista.
Após vários anos a família e a Portuguesa conseguiram receber a indenização. Assim acabava a novela. Mas não a saudades do futebol alegre daquele garoto que para muitos foi quem mais se aproximou de Pelé.
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