Lionel Messi estendeu por semanas a novela sobre a sua permanência ou não no Barcelona. O caso, que se encaminha para um final feliz, faz lembrar a história da saída de um outro grande jogador do Barça. Diego Maradona teve um conturbado adeus no Barcelona. O jogador trocou o Barça pelo Napoli em 1985. Mas o MQJ Memória de hoje relembra como foi a passagem do craque argentino com a camisa de um dos maiores clubes do mundo.
Em 1981 Barcelona e Boca Juniors acertaram a negociação de Maradona por mais de 7 milhões de dólares (hoje mais de R$ 40 milhões). Cifras que mostram a evolução do negócio chamado futebol ao longo dos tempos. Apesar do acerto, Maradona só se transferiu para o Barcelona um ano depois. Isso por exigência do almirante Carlos Alberto Lacoste, que na época presidia a Argentina. Ele ocupou o posto por 11 dias apenas. Mas, na ditadura, tinha grande influência. Assim atrasou a ida do craque. Entretanto o destino seria cumprido.
Josep Maria Minguella, que agenciava Maradona, lembra do impacto desta negociação.
– Na época foi uma negociação muito importante para toda a Argentina, tanto que o almirante Lacoste dizia que Maradona só poderia ir depois da Copa do Mundo de oitenta e dois, pois o país prec isava que ele estivesse tranquilo, pensando apenas no Mundial – disse ele.
Josep Maria Minguella, em conjunto com Joan Gaspart, então vice-presidente do Barcelona, fechou todo o acordo. O agente era um entusiasta da negociação e acreditava que Diego ditaria moda na Espanha.
Hepatite, lesões e embaixadinhas com limão
A passagem de Maradona pelo Barcelona foi marcada por muitas polêmicas. O jogador, por exemplo, sonhava em ganhar um carro que jamais recebeu. Diego tinha uma verdadeira adoração por automóveis e a falta do mimo começou a minar seu interesse pelo Barcelona. Entretanto logicamente que isso não foi determinante.
Maradona chegou ao Barcelona com status de ídolo. Só com a venda de ingressos antecipados para a temporada, o famoso carnê, e com a venda de produtos oficiais antecipados (camisas, bonés…) ligados ao craque o clube espanhol recuperou o investimento feito.
– Maradona sempre teve um impacto muito grande por onde passava e no Barcelona não foi diferente. A expectativa com ele sempre foi muito grande – relembrou Gaspart.
Realmente Maradona era um show à parte. Chegava a fazer embaixadinhas com limão para empolgar a torcida, que chegava antes ao estádio apenas para ver o show. Mas uma hepatite no primeiro ano, supostamente motivada por uma vida sexual desregrada, e uma lesão na segunda temporada começaram a minar a história dele no clube.
Faltou uma taça de peso a Maradona no Barcelona
A falta de um título de expressão fez com que as críticas acumulasse. O jogador ganhou apenas uma Copa do Rei, uma Supercopa da Espanha e uma Copa da Liga, esta uma competição que já foi extinta. Assim ele era cobrado a cada fracasso.
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O estopim para a saída foi em 1984, na final da Copa do Rey. O Atlhetic Bilbao ganhou por 1 a 0 e Maradona foi uma figura apagada em campo. No vestiário ele ouviu dirigentes dizendo que ele deveria ser vendido, que jamais renderia. Contrariado, procurou o agente e pediu para ser negociado.
– Essa versão nunca aconteceu. Os agentes do jogador que queriam a transferência porque entendiam que ele não ia ser feliz lá, Passaram essa situação para ele pois sabiam que o Maradona se irritava onde não era querido – disse Josep Lluis Núñez, então presidente do Barcelona, pouco antes de morrer, em 2018.
Críticas na Juventus: o destino de Maradona
Com a notícia de que Maradona queria deixar o Barcelona as sondagens começaram a aparecer. Mas apenas dois clubes abriram conversas e ambos da Itália: Juventus e Napoli. Mas uma infelicidade de Giampiero Boniperti, ex-jogador e na época presidente da Juve, definiu o destino do craque.
– O Giampiero Boniperti disse que um jogador com o meu porte físico não chegaria em lugar nenhum. Acho que foi apenas para acalmar a torcida, que queria a minha contratação, pois ele nunca fez uma proposta. Quem fez proposta mesmo foi o Napoli – relembrou Maradona em um documentário para a TV da Argentina em 2015.
Envelope vazio na federação
O craque já tinha um namoro com o Napoli. Mas demorou para casar.
– O Napoli me procurou antes do Barcelona, dizendo que me contrataria assim que o mercado abrisse. Foi quando ainda estava no Argentinos Juniors. Mas o negócio não foi para frente – relembrou na sua autobiografia “Yo Soy el Diego de la Gente”.
Em 1985 Corrado Ferlaino, presidente do Napoli, finalmente chegou a um acordo com os agentes de Maradona. Precisava levantar os 13 milhões de dólares (mais de R$ 60 milhões atuais) pedidos pelo Barcelona.
– Na época a gente tinha que entregar na Federação um envelope com o contrato assinado e o documento da compra do passe. Como precisava de mais tempo para levantar o dinheiro entreguei na federação um envelope vazio, pois sabia que a burocracia faria que o envelope fosse aberto apenas duas ou três semanas depois. Não deu outra. Quando eles abriram eu já estava com a quantia. Assim consegui a negociação – disse Corrado Ferlaino a “RAI” alguns anos após o negócio.
Assim Maradona deixava o Barcelona para virar o Rei de Napoli. A passagem pela Espanha foi marcada por apenas 38 gols em 58 jogos. Mas até hoje o torcedor do Barça traz em seu coração a lembrança do sorriso de Maradona. Assim vai ser com Messi.
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