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MQJ Memória: Gaúcho, artilheiro no Flamengo e ‘goleiro’ no Palmeiras

Em uma semana marcada por polêmicas envolvendo o clássico entre Flamengo e Palmeiras, o MQJ Memória deste domingo relembra um jogador que marcou as duas camisas. Trata-se de Gaúcho, o centroavante que fez história como artilheiro do Flamengo. Mas que é lembra como “goleiro” no Palmeiras.

Gaúcho salvou o Palmeiras no gol (Foto: Reporodução TV Palmeiras)

Luís Carlos Tóffoli, ou simplesmente Gaúcho, nasceu em 1964 em Canoas, no Rio Grande do Sul. Foi revelado nas categorias de base do Flamengo, sendo lançado em 1984. Mas teve atuações bem discretas e foi embora rapidamente. Ali poucos imaginavam que ele voltaria anos depois para se tornar um dos mais marcantes artilheiros da história do clube. Rodou por XV de Piracicaba, Grêmio, chegou a defender o Verdy Kawasaki do Japão e retornou para o0 Santo André. A carreira dele parecia que não iria decolar.

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Em 1988 Gaúcho foi contratado para compor o elenco do Palmeiras. O clube vivia uma situação delicada pela falta de títulos e a torcida não tinha paciência com os reforços. Assim Gaúcho foi encontrando dificuldades para se firmar.

De centroavante a goleiro

Gaúcho brilhou como goleiro no Maracanã (Foto: Reprodução Palmeiras TV)

A passagem de Gaúcho pelo Palmeiras deixou de ser discreta no Campeonato Brasileiro de 1988. O regulamento na época previa que se um jogo terminasse empatado aconteceria uma disputa de pênaltis valendo um ponto. O Verdão foi visitar o Flamengo no Maracanã no meio de semana. O jogo foi sonolento. Mas mesmo depois de perder Denis expulso o time paulista abriu o placar com Mauro.

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A partida ia caminhando para o final em um verdadeiro defesa contra ataque quando o goleiro palmeirense Zetti se lesionou. Como o time paulista tinha feito as três alterações Gaúcho, que brincava de ser goleiro nos rachões, foi para o gol. A partida já estava nos acréscimos quando Bebeto fez o gol de empate. Assim a disputa iria para os pênaltis e o Palmeiras estava com seu artilheiro debaixo dos arcos.

– Eu vou pegar os pênaltis e vamos ganhar – disse Gaúcho aos repórteres pouco antes das penalidades.

Logo na primeira cobrança do Flamengo Gaúcho pegou o pênalti batido pelo zagueiro Aldair. Além de agarrar Gaúcho teve que cobrar um dos pênaltis. EE não mostrou problemas para deslocar o goleiro Zé Carlos. Na última cobrança flamenguista o centroavante agarrou o pênalti de Zinho e o Palmeiras ganhou.

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Dessa maneira, mesmo tendo feito 79 jogos e marcado 31 gols com a camisa do Palmeiras, Gaúcho ficou marcado no Verdão como goleiro.

Gaúcho fez história no Flamengo

Gaúcho foi ídolo do Flamengo (Foto: Revista Flamengo)

Em 1989 o Flamengo apostou na contratação de Gaúcho. O jogador ficou no clube por cinco anos. Ele entretanto começou a despontar em 1990, sendo artilheiro do Campeonato Carioca. Além disso ajudou o time a ganhar a Copa do Brasil. Em 1991 foi artilheiro da Copa Libertadores e chamou a atenção do Boca Juniors. Foi então contratado para substituir Gabriel Batistuta, que foi para a Europa.

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No Boca Juniors Gaúcho atuou apenas duas vezes e foram atuações tão ruins que foi vaiado em La Bombonera. Assim voltou a tempo de ser decisivo na conquista do Campeonato Carioca de 1991. No ano seguinte liderou a reação que levaria ao título brasileiro de 1992.

Amizade com Renato Gaúcho era forte

Na final contra o Botafogo fez uma aposta com o amigo Renato Gaúcho, então no Alvinegro. Quem ganhasse o primeiro jogo iria receber o rival em churrasco de comemoração. O Flamengo ganhou por 3 a 0 e Renato Gaúcho pagou a aposta. A torcida botafoguense se revoltou e Renato foi dispensado antes do segundo duelo.

– O Gaúcho era um grande companheiro. Naquela época os jovens não tinham destaque nos elencos e eu estava subindo ao profissional. Ele ajudava os atletas iniciantes, entrosava com o grupo. Era um paizão – lembra com carinho o ex-atacante Paulo Nunes.

Gaúcho e Renato no famoso churrasco (Foto: FlaTV)

A essa altura Gaúcho era ídolo da torcida que cantava nos jogos: “Ai que beleza, mais um golaço do Gaúcho de cabeça”. Famoso, aceitou proposta em 1993 para se transferir para o Lecce da Itália. Mas a passagem na Itália durou apenas cinco jogos. Assim ele retornou ao Brasil para defender o Atlético-MG. Ainda atuou por Ponte Preta e Fluminense antes de encerrar carreira em 1996 pelo Anápolis de Goiás.

Gaúcho virou dirigente depois de encerrar carreira

Após encerrar carreira Gaúcho decidiu se mudar para o Mato Grosso para investir em fazendas. Mas não conseguiu ficar longe de futebol e resolveu virar dirigente. Fundou o Cuiabá e implementou um modelo profissional. Em seu primeiro ano na Primeira Divisão conquistou o título estadual.

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O Cuiabá se tornou um modelo de gestão no futebol brasileiro. Hoje inclusive já está na Série B do Campeonato Brasileiro.

Após o sucesso como dirigente optou por ser técnico, começando no clube que fundou. Em seguida passou por Mixto e Luverdense. Mas o câncer impediu que ele prosseguisse.

Luta contra Câncer marcada por tratamento alternativo

Inês Galvão era o amor de Gaúcho (Foto: Youtube)

Gaúcho foi diagnosticado com um câncer na próstata. Naquele momento deixou o futebol de lado para se dedicar ao tratamento ao lado do amor de sua vida, a atriz Inês Galvão. No começo optou pelo tratamento convencional. Mas logo decidiu interromper e buscar uma cura alternativa.

– Ele se sentia muito mal com o tratamento convencional. Assim no desespero acabou chegando a um médico no Paraguai. Eu era contra, mas ele decidiu e só me restou apoiar – disse Inês.

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O ex-centroavante foi ao Paraguai se tratar e iniciar o tal tratamento. Mas não era vista a melhora esperada. Entretanto ele se recusava a acreditar no avanço da doença.

– Quando a gente questionava um tratamento no Paraguai ele ficava aborrecido – lembra Renato.

Neste cenário a luta contra o Câncer acabaria sendo perdida em questão de tempo. E foi o que aconteceu. Gaúcho morreu em 17 de março de 2016. Mas até hoje é lembrado com grande carinho pelos torcedores de Palmeiras e Flamengo.

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