Jorge Emiliano dos Santos. O nome talvez seja pouco conhecido dos torcedores brasileiros. Mas quando se fala no árbitro Margarida, o verdadeiro, todos vão se recordar. Ele abriu caminho para a presença de homossexuais no futebol do Rio de Janeiro. Principalmente os árbitros, que tinham que passar uma imagem imponente por conta das constantes provocações dos jogadores dentro de campo.
Quando Margarida confessou que era homossexual gerou muita polêmica. O fato aconteceu em 1988, durante o Campeonato Carioca, logo depois de sua estreia no futebol profissional. O Flamengo derrotou o Volta Redonda por 3 a 1.
– Tive a coragem de revelar que era homossexual para toda a imprensa em um país marcado pelo preconceito em todos os sentidos. Foi um ato de coragem, mas precisava daquilo como uma auto-afirmação. Mostrar que o fato de ser homossexual não impedia de me tornar um grande árbitro e ser respeitado dentro de campo. Posso garantir que não tolero nenhuma forma de desrespeito – disse Margarida.
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De fato o homossexualismo nunca foi um impedimento para Margarida se impor em campo. Logo depois que ele se assumiu a imprensa passou a promover um reencontro dele com Renato Gaúcho, então símbolo sexual dentre os jogadores da época. Entretanto, Renato nunca se “criou” com Margarida e ainda recebeu umas peitadas quando tentou crescer para o árbitro.
Agressão a mulheres foi mancha no currículo
Margarida era o exemplo de alegria. Mas um triste episódio marcou negativamente seu currículo. O árbitro se envolveu em uma polêmica em 1989 quando apitava uma partida da Taça Brasil feminina no Estádio Caio Martins, em Niterói (RJ). Ofendido por uma jogadora, Elane do time Saad, perdeu a cabeça e partiu para a agressão.
– Ela quis se engraçar e levou uma porrada bem no meio da cara. E vai levar quantas forem necessárias – disse Margarida, que ainda quase agrediu o preparador físico do Saad, marido de Elane.
Na época a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) afastou Margarida. O árbitro, entretanto, foi ao treino oferecer flores para a jogadora agredida com um pedido de desculpas. O caso acabou sendo esquecido.
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Margarida teve morte prematura por conta da Aids
Margarida sempre deu entrevistas engraçadas. Disse, certa vez, que conseguiu realizar seu grande sonho.
– Meu sonho era entrar no gramado do Maracanã e ser chamado de viado por todo o estádio – brincou o árbitro.
Se nenhum jogador e nem mesmo o preconceito conseguiram parar Margarida, a Aids foi seu grande algoz. O árbitro contraiu a doença em 1992. Conviveu com ela por três anos. Chegou a apitar depois disso. Entretanto, sua magreza logo passou a prejudicar seu rendimento em campo. De 72 quilos, definhou até morrer com apenas 28 quilos em 21 de janeiro de 1995 vítima de complicações da doença.Tinha 40 anos.
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Após sua morte um outro árbitro, de Santa Catarina, passou a adotar o nome de Margarida em homenagem a Jorge Emiliano. Clésio Moreira dos Santos tentou levar adiante a alegria dos tempos de Margarida.
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