O MAIS QUE UM JOGO de hoje vai recordar a história de Mazolinha, veloz atacante que se destacou no Botafogo no fim da década de 80. Um jogador que era marcado pelo bom humor das entrevistas e por contribuir para um ambiente agradável. Mazolinha ficou marcado no Glorioso pela jogada do gol de Maurício, que colocou fim ao jejum de 21 anos sem conquistas que tanto martirizava os botafoguenses. Entretanto a história não se limitou a isso. Foram 50 jogos e 14 gols com a camisa alvinegra.
Vágner Aparecido Nunes, o Mazolinha, foi revelado nas categorias de base do Fortaleza. Apesar de ser paulista de nascimento, nascido em Santa Bárbara d’Oeste, foi no clube cearense que deu seus primeiros passos no futebol. Mas veio a chamar a atenção dos grandes centros quando atuava pelo Rio Branco. Um olheiro do Alvinegro logo se interessou pelo atleta. O então vice-presidente de futebol Emil Pinheiro, banqueiro do Jogo do Bicho e que garantia a receita do clube deu o aval.
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Mazolinha foi contratado em 1988. O período era o pior possível. O Botafogo acumulava fracassos e estava há 20 anos sme dar uma volta olímpica. A pressão da torcida era enorme. Para piorar a situação, o time viveu uma temporada muito ruim, sequer chegando às semifinais do Campeonato Carioca e brigando na parte intermediária da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro. A pressão só aumentava.
1989: o melhor para Mazolinha no Botafogo estava guardado
O ano de 1989 começou para Mazolinha no Botafogo com ele vivendo a expectativa de ser dispensado. Mas a chegada do técnico Valdir Espinosa começou a mudar a história. O treinador reuniu-se com Emil Pinheiro e pediu que a tão comum reformulação de todo o elenco, uma rotina em janeiro no Botafogo, fosse paralisada. Além disso não queria contratações até que conhecesse bem o elenco. Assim Mazolinha ganhou uma sobrevida e caiu nas graças do treinador.
– O Mazolinha foi um jogador muito útil na campanha de oitenta e nove. Ele era uma espécie de titular mesmo sem normalmente começar os jogos. Ele, o Vitor, que depois entrou com a lesão do Jeferson, enfim, tinha um grupo que ajudava muito. Acabou premiado com a jogada do gol. Ele normalmente se dava muito bem quando pegava as defesas cansadas. Botava força e correria no time – recordou Valdir Espinosa pouco antes de morrer, por ocasião das comemorações dos 30 anos da conquista do título carioca de 1989.
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Mazolinha marcou apenas um gol na campanha de 1989. Foi no empate por 2 a 2 com o Fluminense na Taça Rio. Mas o tento foi importante na conquista do título. Entretanto a sua participação mais importante naquele campeonato ainda estava por vir.
Mazolinha entrou para mudar a final de 1989
O grande dia de Mazolinha no Botafogo foi justamente na final do Campeonato Carioca. O Botafogo precisava vencer o Flamengo para ser campeão naquele dia 21 de junho. Triunfo rubro-negro ou empate forçariam a realização de m ais um jogo.
A partida estava empatada sem gols quando, no começo do segundo tempo, Valdir Espinosa decidiu tirar Gustavo e escalar Mazolinha.
– Na esquerda tínhamos o Gustavo, o Jeferson e o Mazolinha. Mas o Jeferson se machucou. O Mazolinha era o mais rápido dos três sem dúvida. Quando o coloquei em campo na final era para justamente usar a jogada de força e velocidade. E assim surgiu o gol, com uma arrancada para o fundo a fim de fazer o cruzamento – disse Espinosa.
Aos 12 minutos Mazolinha avançou pela esquerda, cruzou e Mauricio escorou para o fundo da rede. Era o fim do jejum!
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Mazolinha perdeu tudo e trabalho de pedreiro
Após o título Mazolinha ainda jogou seis meses no Botafogo. Foi negociado com o Avaí de Santa Catarina. Ali ele entende que a sua carreira no futebol começou a entrar na reta final. Durou alguns meses no futebol catarinense e foi para o Santo André-SP. Voltou às origens tentando se reencontrar e acertou com o União Barbarense. Mas foi no River do Piauí que encerrou carreira em 1994.
Tudo o que Mazolinha ganhou no Botafogo ele usou para abrir uma confecção. Investiu pesado. Menos o dinheiro para comprar um Passat, carro da moda na época. O Plano Collor acabou com seus planos e a empresa quebrou.
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A partir daí Mazolinha viveu o inferno na ereta final da vida. Foi sacoleiro, carpinteiro e finalmente se encontrou como pedreiro.
– Minha história teria sido diferente se, em vez do passe, eu tivesse feito o gol do título. Mas dei o passe – relembrou o jogador pouco antes de morrer.
Mazolinha morreu em 5 de setembro de 2016, vítima de um infarto. Mas não acabou e nunca vai se acabar o carinho que todo o torcedor do Botafogo sente ao ouvir falar do seu nome: Mazolinha, o cara que deu o passe para o gol do título de 1989.
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