A semana foi tumultuada no meio do futebol com uma denúncia que caiu como uma bomba no PSG. De acordo com matéria do portal investigativo francês “Mediapart”, o caso é grave e complexo. O clube francês contratou uma agência externa para criar um “exército” de contas falsas no Twitter. O objetivo dessa contratação seria realizar campanhas de difamação contra alguns meios de comunicação, clubes e também jogadores de futebol. Entre eles, o próprio Mbappé, principalmente quando o francês começou a flertar com jogar em 2019 no Real Madrid.
Segundo o “Mediapart”, em uma extensa reportagem, a suposta estratégia digital que o PSG visava a desacreditar uma série de pessoas ou entidades nos últimos anos. O PSG nega os fatos. Mas se estiver envolvido, não vai ser o único exemplo. O MQJ Memória relembra escândalos do futebol europeu.
Barçagate implodiu o Barcelona
Em março de 2021 Josep Maria Bartomeu, ex-presidente do Barcelona, foi preso. A prisão foi fruto de um escândalo que começou a ser descoberto um ano antes. Tudo começou quando a “Rádio Cadena SER” revelou em fevereiro de 2020 que o Barcelona tinha contrato com uma empresa, a I3 Ventures. O intuito era atacar, a partir de várias contas nas redes sociais, personalidades e entidades relacionadas com o clube. Incluindo jogadores.
De acordo com as investigações, Piqué e Messi eram vítimas do esquema montado no Barcelona, sob a batuta de Josep Maria Bartomeu. No entanto, a versão oficial do Barcelona é que o clube contratou a empresa para criar opinião nas redes sociais. Queria proteger a reputação de Josep Maria Bartomeu na direção e do clube. Mas a Justiça viu com outros olhos. Além disso, há também a questão do valor exorbitante do contrato.
Messi era uma das vítimas
Assim, a ‘I3Ventures seria responsável por minar a reputação de jogadores do próprio Barcelona, como Messi e Piqué. Mas também de ex-treinadores, como Xavi Hernández, Carles Puyol e Josep Guardiola. E também personalidades ligadas ao clube, como Joan Laporta, Víctor Font, Agustí Benedito e Jaume Roures, bem como opositores da direção. Conforme noticiou o “El Mundo”, o relatório elaborado pelos investigadores revela que o Barcelona contratou a empresa por valor “seis vezes superior às práticas normais” nestes casos.
“O pagamento, na faixa de um milhão de euros – em torno de R$ 6,7 milhões -, está acima do mercado. Beneficiou algumas pessoas, fracionando contratos e as faturas para evitar a supervisão por parte do órgão de controle do clube”, diz o mesmo relatório.
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Assim, ao fracionar os pagamentos à empresa I3 Ventures, com valores não superiores a 200 mil euros, os fraudadores evitavam a aprovação da comissão liderada pelo vice-presidente Emili Rosaud. Ele foi o primeiro a pedir demissão, abrindo a crise institucional no clube. Há ainda suspeitas de delitos chamados “corrupção nos negócios”. São eventuais negociações com benefícios econômicos indevidos para dirigentes ou colaboradores ligados à I3 Ventures. A empresa, no entanto, nega as acusações. Mas o caso ainda está sendo apurado. Fato é que ele foi afastado da presidência e em 2021 eleições foram feitas às pressas, conduzindo Joan Laporta ao poder.
Itália balançou no começo do século
O futebol italiano viveu um dos seus maiores escândalos em 2006, quando grandes clubes do país se envolveram em um esquema de manipulação de resultados na temporada 2004-05 da Serie A: Juventus, Milan, Fiorentina e Lazio. O veio à tona com a Juventus sendo a mais punida.
Em primeira instância, os quatro clubes sofreram drástica perda de pontos. Mas depois de muitos recursos, apenas a Juventus foi rebaixada. Milan, Fiorentina e Lazio perderam pontos. Reggina e Siena, embora não envolvidos diretamente no caso, também foram sancionados com perda de pontos
Dirigentes de todos os clubes e até mesmo da Federação Italiana sofreram punições que variavam de anos de suspensão até mesmo ao banimento de atividades esportivas. Muitos recorreram. Mas a imagem do futebol italiano ficou muito arranhada.
A Juventus, em 2021, também quase foi rebaixada por conta de irregularidades em 42 transferências de jogadores. O clube teria fraudado alguns balanços financeiros para omitir ganhos de capital. Mas acabou descoberto e foi multado.
Espanha também sofreu com manipulação
Manipulação de resultados não é um problema apenas da Itália. A Espanha sofreu com isso em 2019, quando algumas pessoas foram presas ligadas a máfia de apostas, incluindo jogos de La Liga, e Primeira Divisão nacional.
O escândalo de corrupção teria envolvido jogadores dos clubes de futebol Valladolid, Huesca, Deportivo de La Coruña e Getafe. Além da manipulação de resultados, a investigação descobriu que as estatísticas, como números de escanteios, faltas e cartões, também eram manipulados.
O processo se estende até hoje, mas como não foi possível provar a participação dos clubes, não houve punição. Chegaram a ser presos atletas como Raúl Bravo (ex-Real Madrid); Borja Fernández (que defendia o Real Valladolid na época, e Carlos Aranda. Também foram detidos Agustín Lasaosa, presidente do Huesca, e Juan Carlos Galindo Lanuza, chefe do departamento médico do clube.
Olympique de Marselha quase perdeu a Champions de 1993
Em 1993 o Olympique de Marselha, com um gol de Basile Boli, derrotou o Milan na final da Champions League. Estava sendo realizado o grande sonho de Bernard Tapie, que presidia o clube. Ele acompanhava treinos e jogos de um timaço que tinha nomes como o artilheiro alemão Rudi Völler, o zagueiro Marcel Desailly e o goleiro Fabien Barthez, que seriam campeões mundiais em 1998 com a França.
Mas pouco depois, pelo Campeonato Francês, começaram a pipocar denúncias de oferecimento de dinheiro a atletas e treinadoreds rivais para facilitarem as coisas para o Olympique de Marselha. Uma investigação foi aberta em junho de 1993.
O Olympique de Marselha então foi punido com o afastamento da Champions League seguinte e não pode disputar o Mundial de Clubesd. O Milan perdeu a final para o São Paulo de Telê Santana. Acabou rebaixado no Francês.
Mas a maior punição veio na Justiça. O zagueiro Eydelie, envolvido no esquema, ficou punido fo futebol por 18 meses e ficou 17 dias preso. Tapie foi condenado a dois anos de reclusão e o Olympique de Marselha teve que decretar falência. A recuperação veio apenas quando o dono da Adidas, Robert Louis-Dreyfus, assumiu o comando do clube, em 1996.
City foi punido por omitir receitas
O Manchester City recebeu uma punição por conta do escândalo chamado de “Football leaks”. Além de multas, a equipe quase ficou de fora de competições continentais. O clube omitia a verdadeira origem do dinheiro que arrecadava: o valor contabilizado como patrocínio era, na verdade, do próprio dono do clube.
Mansour bin Zayed Al Nahyan, dono do clube e vice-primeiro ministro dos Emirados Árabes Unidos (EAU), é membro da família real de Abu Dhabi, omitia que o patrocínio real da Etihad Airlines seria apenas 11% do que o balanço financeiro do clube inglês contabilizava. Algo que infringe a regulamentação do “fair play” financeiro no futebol europeu.
Vazaram e-mails de dirigentes do clube e patrocinadores que comprovaram a fraude. O pior é que o clube era reincidente, pois em 2014 tinha fechado acordo com a Uefa para evitar o banimento de torneios continentais.
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