Chapéu. O futebol brasileiro trata este termo para identificar uma bela jogada dentro de campo. Pelé utilizava muito. Entretanto, esta também é uma definição quando um clube tira um atleta de um rival ou até mesmo ganha uma disputa pelos direitos federativos de um craque. Pernada também define este tipo de situação.
O futebol brasileiro é rico nessas pernadas. Ou melhor, é rico em ver um clube dando chapéu no outro. Alguns casos ficaram famosos, como os de Alan Kardec, Fernando Macaé e Willian Arão.
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Em tempos de pandemia do Coronavírus, o MQJ volta ao passado para relembrar algumas dessas situações:
Alan Kardec
Emn 2014 o Palmeiras acertou com o artilheiro Alan Kardec. Tudo certo para o jogador defender o Palmeiras. Mas faltou avisar ao São Paulo, que deu uma pernada no rival e ficou com o artilheiro. Além disso, rolou provocação entre os dirigentes.
Ganso
Ídolo do Santos, Paulo Henrique Ganso saiu brigado com a diretoria e foi jogar no São Paulo. Passou a ser hostilizado pelos santistas. Mas sempre minimizou a troca a tratando como normal.
Rincón
O colombiano Rincón tinha o amor da torcida do Corinthians. Entretanto, acabou optando em ir jogar no Santos no começo deste século.
Ricardinho
Ídolo da Fiel, o pentacampeão Ricardinho trocou de camisa e foi para o São Paulo em um momento onde todos apostavam que ele ficaria no Parque São Jorge. Entretanto, pouco rendeu no Morumbi.
Cafu
Uma pernada com direito a laranja aconteceu em 1994. O São Paulo vendeu Cafu para o Zaragoza da Espanha e colocou uma clausula que dizia que o jogador não poderia voltar diretamente para um clube paulista. A ideia era impedir que acontecesse o mesmo que houve quando o zagueiro Antônio Carlos voltou do exterior para o Verdão pouco depois de deixar o Morumbi. Porém, o Palmeiras usou o Juventude, ambos eram patrocinados pela Parmalat, para contratar Cafu.
Bebeto
Um chapéu que entrou para a história do futebol. No fim da década de 80 o atacante Bebeto brilhava com a camisa do Flamengo, porém, fora de campo seu empresário penava para conseguir prorrogar o contrato, já que os valores oferecidos eram considerados baixos em relação ao talento do atleta.
Naquela época um clube só podia tirar o jogador de outro, sem acordo, se pagasse o valor de seu passe, que era fixado na federação de origem, no caso em questão, a do Rio de Janeiro.
Como o valor do passe de Bebeto era alto, os dirigentes do Flamengo pareciam tranquilos e cientes de que o jogador iria ceder à proposta. O que ninguém esperava é que o Vasco entraria no circuito, pagaria pelo passe e levaria o jogador para brilhar em São Januário.
O episódio na época chegou a ser registrado na Polícia, com Bebeto sofrendo ameaça de morte por parte de torcedores do Flamengo. Mas isso não impediu ele de brilhar na Colina.
Leandro Amaral
O atacante Leandro Amaral vinha jogando muita bola pelo Vasco em 2007, mas quando o ano acabou não quis aceitar a cláusula de renovação automática de contrato. O motivo: uma transferência para o Fluminense, concretizada em janeiro de 2008. O caso porém estava longe de terminar.
O Vasco decidiu entrar na Justiça para fazer prevalecer a cláusula e os tribunais entenderam que o jogador teria que voltar para São Januário, o que de fato aconteceu mesmo com a tentativa do Fluminense de negociar a compra dos direitos federativos do atleta.
Fernando Macaé
Fernando Macaé representou um dos maiores chapéus da história do futebol brasileiro. O atacante era destaque do Bangu quando o Flamengo acertou a sua contratação. O apresentou pela manhã na Gávea com direito a vestir a camisa. Na hora do almoço ele passou em casa antes de seguir para assinar oficialmente o contrato. Em sua casa uma surpresa: Emil Pinheiro, então vice-presidente de futebol do Botafogo, o esperava com flores para a esposa e um contrato na mão com o triplo do que ele receberia no Flamengo. O Botafogo tinha pago seu passe na federação. Resultado, Fernando Macaé foi defender o Botafogo.
Carlos Alberto Dias
Em 1990 o Flamengo chegou a providenciar a viagem para que Carlos Alberto Dias deixasse o Paraná para chegar ao Rio de Janeiro e acertar com o clube carioca. Entretanto, quem esperou o apoiador no aeroporto foi Emil Pinheiro, então vice-presidente de futebol do Botafogo. Resultado foi que Dias decidiu jogar no Botafogo. Além disso, ainda estreou fazendo gol diante do Flamengo no Maracanã em um triunfo alvinegro: 2 a 1.
Renato e Bujica
Chapéu em dose dupla? Foi o que aconteceu e adivinha quem levou: o Flamengo. Sabe o autor: Emil Pinheiro. Em 1991, aproveitando o clima de insatisfação dos dois jogadores com o Rubro-Negro o dirigente conseguiu convencer ambos a defender o Glorioso. Entretanto, a polêmica foi grande.
A estreia deles foi justamente no Maracanã e no clássico entre os dois clubes, que terminou empatado sem gols. As provocações na arquibancada entre as duas torcidas davam a tônica de que chapéu era coisa séria. Os rubro-negros cantavam: “você pagou com ingratidão…”. Do outro lado a resposta pornográfica: “É sem Renato, é sem Bujica, o Flamengo vai sentar na minha p.. ”
Clayton
Mas não é só o Flamengo que leva chapéu do Botafogo. O contrário acontece. Em 2006, após se destacar pelo Glorioso, o volante Clayton, que teoricamente renovaria contrato com o clube alvinegro, foi levado para o Flamengo pelo então presidente Márcio Braga. Mas teve passagem apagada na Gávea.
Willian Arão
Outro exemplo de chapéu do Flamengo no Botafogo foi William Arão. O Botafogo tentou exercer o direito de renovação de contrato do jogador no fim de 2015 e depositou por duas vezes R$ 400 mil na conta do jogador, que devolveu o dinheiro. Ele já estava apalavrado com o Flamengo. Entretanto o chapéu dessa vez custou caro para o jogador. Arão foi condenado a pagar mais de R$ 4 milhões de indenização ao Botafogo. Mas ainda luta para reduzir o valor.
Diego Souza
Revelado nas categorias de base do Fluminense, Diego Souza, hoje ídolo no Sport, já foi pivô de um chapéu histórico. Tratado como joia nas Laranjeiras, o jogador resolveu trocar de ares em 2005.
Negociado com o Benfica, em uma transação para muitos esquisita, ele não durou nem uma semana no clube português. Em uma ponte, foi apresentado poucos dias depois pelo Flamengo. Além disse abriu o verbo na apresentação:
– Sempre fui Flamengo, tanto que tentei começar na Gávea – disse o jogador, na época.
Roger
O Flamengo não é a única vítima do Botafogo quando o assunto é chapéu. Em 2016 o clube carioca acertou com o atacante Roger quando o mesmo ainda tinha contrato com a Ponte Preta. A Macaca, que vinha tratando da renovação, ficou tão irritada que afastou o jogador do elenco. Mas Roger nem se importou e foi atuar no Glorioso.
Wellington Silva
O Flamengo levou um chapéu do Fluminense em 2013. O lateral-direito Wellington Silva, que vinha negociando a renovação de contrato, decidiu aceitar a proposta maior do Fluminense. Além disso, saiu ironizando o Rubro-Negro: “Todo jogador tem que pensar grande”.
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