O Fluminense viveu na década de 90 anos complicados. Tirando a conquista do título carioca de 1995, com o famoso gol de barriga de Renato Gaúcho, aqueles anos foram dolorosos. Principalmente a partir de 1996, com a série de rebaixamentos. Mas curiosamente, a desgraça para os tricolores começou pouco depois que um dos principais ídolos do time foi embora. Na verdade, o super-herói do clube entre 1991 e 1995. Trata-se de Ézio, ou o Super Ézio. O personagem de hoje do MQJ Memória.
A carreira de Ézio demorou a decolar. Revelado nas categorias de base de um Bangu que em 1986 tinha craques como Marinho, Mauro Galvão e Paulinho Criciúma, o jogador não conseguiu seu lugar ao sol no time da Zona Oeste. Deixou o clube em 1989 para começar uma saga por outros pequenos do Rio de Janeiro, como Olaria e Americano. Mas atuou também na Portuguesa de Desportos, de São Paulo, até ter a grande chance da sua vida nas Laranjeiras.
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Ézio chegou ao Fluminense em 1991. O capixaba da cidade de Mimoso do Sul, interior do Espírito Santo, ajudou o Tricolor a conquistar a Taça Guanabara logo em seu primeiro ano no clube. O time das Laranjeiras ficou com o vice do Estadual, perdendo a taça para o Flamengo. Um ano depois, boa campanha na Copa do Brasil e o vice após derrota para o Internacional em um jogo marcado por erros de arbitragem.
O apelido de Super Ézio foi dado por Januário de Oliveira
Aos poucos Ézio foi se tornando a referência do ataque do Fluminense. Pelo clube carioca, atuou em 236 jogos, tendo feito 118 gols. Oportunista, não tinha grande talento técnico. Mas sabia como poucos colocar a bola no fundo da rede. Mas um jornalista marcaria a sua carreira. O locutor esportivo Januário de Oliveira, que transmitia os jogos do Campeonato Carioca e dos cariocas no Campeonato Brasileiro para a Rede Bandeirantes.
Em um empate por 2 a 2 com o Botafogo, Ézio marcou os dois gols alvinegros. Ao narrar Januário de Oliveira não teve dúvidas em dizer: “Ézio, o Super-Ézio, pois Super-herói é para isso”.
– Na semana daquele jogo eu estava conversando com um amigo e nós falávamos que o time do Fluminense era muito fraquinho. Mas que mesmo assim o Ézio conseguia fazer gols. Aó chegamos a conclusão de que ele era o herói do Fluminense. Depois daquilo voltei para casa, mas não apaguei a conversa. Na hora do jogo acabou saindo e caiu no gosto da torcida. Pronto, estava criado o Super Ézio, o super-herói do Fluminense – relembrou Januário de Oliveira.
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Ézio enfim realizou o sonho de ser campeão no Fluminense
Se a Taça Guanabara de 1991 foi gostosa para Ézio, o jogador queria ir além. Sonhava com um título importante pelo Fluminense. O ano de 1995 começou com os clubes cariocas tendo destaques em seu ataque. O Flamengo contratou Romário, então o melhor do mundo para atuar ao lado de Sávio. O Botafogo tinha Túlio Maravilha, enquanto que o Vasco apostava em Valdir Bigode. O Fluminense foi de Renato Gaúcho.
Todos acreditavam que Renato faria dupla com Ézio, mas o Super-herói não vinha bem fisicamente. Perdeu a posição para Leonardo. Mas mesmo assim entrava no decorrer dos jogos e fez gols importantes, como na vitória de 1 a 0 sobre o Bangu.
– O Ézio sempre quis ser campeão carioca pelo Fluminense. Era um jogador que tinha faro de gol e lutava pelas bolas. Fiquei muito feliz de participar daquela conquista com ele – disse Joel Santana, então treinador do Fluminense.
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O Fluminense chegou à final contra o Flamengo, que tinha a vantagem do empate. Ézio começou no banco. Mas com 2 a 2 no placar e o Tricolor precisando do triunfo foi acionado. Estava em campo quando Aílton chutou e a barriga de Renato Gaúcho mudaria a história da final. E também mudar a história de Ézio, que enfim conseguia realizar o sonho de ser campeão pelo Fluminense.
Saída do Fluminense precipitou fim da carreira
Após este título Ézio encerrou seu ciclo no Fluminense. O Atlético apostou em seu futebol. Fez 63 poartidas pelo Galo, tendo marcado 21 gols em um ano e meio. Mas em Minas Gerais viu uma série de lesões complicarem seu desempenho.
Em 1997 sofreu grave lesão e cumpriu seu último ano de contrato no Galo tentando curar o joelho. Em 1998 voltou ao Rio de Janeiro para defender o modesto CFZ, então clube que tinha Zico como dono. Atuou ainda no Rio Branco do Espírito Santo antes de encerrar carreira, ainda em 1998, pela Inter de Limeira.
Ézio ainda visitou o Fluminense e acompanhou jogos do clube mesmo depois de jogar. A identificação com a torcida foi construída graças também ao bom desempenho contra o Flamengo. É o terceiro maior artilheiro da história do Fla-Flu.
Infelizmente Ézio deixou a vida muito cedo. Em outubro de 2010 descobriu que tinha tumores no pâncreas e no fígado. O Câncer já estava avançado e mesmo lutando muito morreu em 9 de novembro de 2011, aos 45 anos, no Rio de Janeiro.
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