O MQJ Memória de hoje traz na lembrança uma das mais tristes histórias do futebol carioca. A morte de Geraldo, um promissor craque do Flamengo, que morreu aos 22 anos, durante uma cirurgia. O meia chegou ao Rubro-Negro vindo do interior de Minas Gerais ainda para as categorias de base. Começou a despontar na década de 70, assim como toda a geração que em 1981 chegaria ao auge no clube com a conquista da Copa Libertadores e do Mundial.
Geraldo formava com Zico, nas categorias de base do Flamengo, uma dupla de meias que na Gávea era apelidada de Pelé e Coutinho, em alusão a uma das maiores duplas do futebol mundial e que encantou a torcida do Santos. Além disso, eram amigos.
– O Geraldo era um grande jogador. Já era uma realidade apesar da juventude. Um jogador que teria uma carreira brilhante pela frente com toda a certeza – relembrou o amigo Zico.
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De futebol leve, elegante, Geraldo atuava de cabeça erguida. Tinha uma capacidade de domínio de bola que era elogiada pelos profissionais que viram seu lançamento no futebol. Pelo Flamengo, ganhou o Campeonato Carioca de 1974.
Seleção Brasileira: Geraldo estaria na Copa da Argentina
Geraldo tinha tudo para estar na Copa do Mundo de 1978, disputada na Alemanha. O jogador despontou cedo para a Seleção Brasileira. Estreou na Copa América de 1975. No ano seguinte, conquistaria a Copa Roca e a Taça do Atlântico pelo time canarinho.
– A Seleção Brasileira é o sonho de qualquer jogador. O Geraldo tinha esse sonho e merecia as convocações que vinha tendo pela habilidade e pela capacidade de jogo. Com certeza o Brasil perdeu um grande jogador – analisou Pelé algumas semanas depois de sua morte, ao participar de um jogo beneficente para conquistar recursos para os familiares de Geraldo.
Uma grande fatalidade em uma clínica de Ipanema
Por indicação do Flamengo, Geraldo foi na quinta-feira, 26 de agosto de 1976, fazer uma cirurgia para retirada de amigdalas. Chegou a uma clínica em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, acompanhado do massagista Serginho, seu amigo pessoal, e do ortopedista Célio Cotecchia, médico do Flamengo e homem de confiança de Geraldo. Entretanto, quem fez a cirurgia foi Wilson Junqueira.
Se esperava que a cirurgia fosse tranquila. Outros atletas do Flamengo já tinha passado por isso, como o lateral-esquerdo Júnior. Mas não foi bem assim.
– Ficamos muito tristes. O Geraldo foi embora muito cedo – lembrou Júnior.
Médicos responderam a processo
A cirurgia foi considerada boa. Entretanto, 20 minutos depois, Geraldo começou a passar mal com problemas de circulação. O doutor Wilson Junqueira já teria deixado a clínica e coube a Célio Cotecchia tentar salvar o jogador. Mas as tentativas não foram suficientes. O médico do Flamengo presente naquele momento, em uma entrevista ao “UOL” em 2011, recordou o episódio.
– Um episódio desse eu não vou esquecer. Estava lá no dia da cirurgia, eu não estava operando, estava assistindo à cirurgia a pedido do Geraldo. Ele falou: ‘doutor, se o senhor não for, eu não vou, eu não conheço o médico, quero ter alguém lá que eu conheço’ – disse o médico.
Cotecchia lembra que foi inocentado. Mas traz na lembrança o episódio.
– Eu o acompanhei. Quem fez a cirurgia foi o Dr. Junqueira, Wilson Junqueira, ele era otorrino. Quando o Geraldo começou a passar mal, o Dr. Junqueira se mandou. A realidade é essa. Eu fiquei lá sozinho e tentei fazer o que podia, embora não fosse a minha especialidade. Fiz massagem cardíaca, fiz respiração boca a boca, ia fazer a desfibrilação quando chegou o pessoal da clínica e continuou com o tratamento, mas ele veio a falecer. Fui envolvido pela família do Geraldo, eles não gostaram, achavam que eu tinha culpa, e eu não tinha culpa nenhuma. O Conselho (de Medicina) me julgou, fui absolvido – disse Cotecchia.
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O drama da mãe de Geraldo
Ao chegar ao hospital a mãe de Geraldo, Nilza Alves teve um ataque de nervos e começou a culpar os médicos. Os registros de quem estava no local era de uma mãe desesperada, que tinha perdido um de seus tesouros. Entretanto, os médicos Cotecchia e Junqueira foram absolvidos pelo Conselho Regional de Medicina (CRM).
Aquela quinta-feira de agosto de 1976 marcou o fim da vida de Geraldo. Mas, para os amantes do futebol, ficará sempre a lembrança de um talento tratado como do mesmo nível de Zico. Não apenas o Flamengo. O Brasil perdia um craque.
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