O mês de junho de 2023 vai ficar marcado pela morte de um dos mais polêmicos dirigentes da história do futebol mundial. Silvio Berlusconi se despediu da vida, que sempre viveu de forma intensa, com uma certeza: é o responsável direto pelo renascer do Milan no futebol mundial nos anos 80. Este é o tema do MQJ Memória de hoje.
O Milan vivia uma grave crise no início dos anos 80. Eram dois rebaixamentos para a Segunda Divisão. Uma vergonha para um time que já tinha conquistado a Europa. Em 1986 o empreendedor Silvio Berlusconi decidiu comprar o clube, que já não estava mais valorizado do que antes. O que muitos não imaginavam é que o ato daquela compra recolocaria o Rubro-Negro de Milão no mapa do futebol mundial. E daria luz a mais importante figura da política e do futebol italiano nos últimos anos.
Berlusconi logo definiu o treinador que seria de sua confiança. Jogou as fichas em Arrigo Sacchi. Além disso montou um timaço que tinha como pilar um talentoso trio de holandeses: o volante Frank Rijkaard, o habilidoso meia Ruud Gullit e o artilheiro Marco Van Basten. Os milaneses passaram a rivalizar o futebol italiano com o Napoli de Diego Maradona e Careca.
Tríplices coroas
A equipe ganhou projeção e praticamente tudo o que disputou.
– Aquele Milan foi uma das melhores coisas para o futebol da Itália. Nossos jogos passaram a ser transmitidos para o mundo inteiro em uma época que o futebol ainda não era o produto que se transformou. Além disso era gostoso ver aquele time dar espetáculo em campo. Todos queriam ver os holandeses – lembrou Berlusconi em uma entrevista em 2009 para a imprensa italiana.
A geração deu duas Tríplices Coroas internacionais para o Milan, em 1989 e 1990. Feito que só veio a ser repetido em 2007, ainda com Berlusconi no comando do clube. Foram oito títulos. Mas quem pensa que o fim daquele geração apagou a história vitoriosa de Berlusconi se engana.
Em 1991, percebendo a necessidade de uma mudança, Berlusconi apostou em Fabio Capello para técnico. Ex-jogador do clube ele foi campeão italiano naquele ano sem perder um título. Assim foram 58 vitórias seguidas e mais seis títulos.
A mágoa de Berlusconi
O terceiro treinador marcante de Berlusconi foi Carlo Ancelotti, que dirigiu o time entre 2001 e 2009. Foram mais duas Champions League e vários outros títulos. Mas apesar do sucesso de seus treinadores, Berlusconi carregava uma mágoa.
– Tivemos o Milan do Arrigo Sachi, do Capello e do Ancelotti. Mas nunca o Milan do Berlusconi. Mas era eu quem contratava os treinadores e montava os times. Que pagava a conta. Assim não sei se há justiça em algumas coisas. Entretanto sigo em frente – disse um magoado dirigente em 2014.
Berlusconi dirigiu o Milan por 31 anos. Em 2017, com a saúde debilitada, vendeu o clube para um consórcio chinês por 740 milhões de euros (hoje mais de R$ 4 bilhões). Entretanto para se ter uma ideia de seu sucesso, dos 54 títulos oficiais do Milan, Berlusconi ganhou mais da metade, 29.
Situação curiosa com Ronaldinho Gaúcho
Ao longo de sua trajetória no Milan, Berlusconi conviveu com alguns craques brasileiros. Mas o seu queridinho era Kaká.
– Kaká é o marido que qualquer mulher deseja e o filho que qualquer mãe sonha – dizia ele.
Apesar disso, quem virou seu genro foi Alexandre Pato, que se casou com sua filha Barbara.
Uma relação conturbada foi com Ronaldo Fenômeno. Ele chegou a ironizar em 2007 o excesso de lesões do craque.
– Eu estou preocupado com Ronaldo. Precisamos mandá-lo para a Igreja de Lourdes – disse ele em uma ocasião.
Mas a maior polêmica envolveu Ronaldinho Gaúcho. Segundo uma garota de programa brasileira, tinha fantasias sexuais com o craque, tanto que a pediu para se fantasiar de R10 em um dos atos sexuais. O dirigente jamais comentou a polêmica, que ganhou amplo destaque na mídia italiana.
Um político derrubado pela vida pessoal
Silvio Berlusconi foi por três vezes primeiro-ministro da Itália. Para muitos foi o sucesso no Milan que o levou ao cargo pela primeira vez, em 1994. Integrava o partido político Força Itália, fundado por ele na sua entrada na vida política.
Empresário do ramo da comunicação, conseguiu gerir a Itália por três vezes com a mão pesada. Tomava muitas decisões nada populares, como quando apoiou a Guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, em 2003.
Ao longo de seus mandatos sempre se viu envolvido em escândalos envolvendo garotas de programa.
– As mulheres sempre foram meu lado fraco – brincava.
Revoltado com acusações de ligação com a máfia, quase foi preso. Deixou o cargo em 2011 após uma conversa sua com partidários vazar. Nela se referiu a Itália de maneira pejorativa.
– Vou embora desse país de m… – disse ele.
Berlusconi passou os últimos anos de sua vida lutando contra a Leucemia.Mas a doença o levou a um quadro de infecção pulmonar aguda, que tornou a luta pela vida ainda mais ingrata. Assim morreu em 12 de junho de 2023.
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