Mais um chapéu no futebol pode acontecer. A contratação de Geuvânio pelo Flamengo promete ser mais um capítulo da disputa entre clubes na Justiça pelos direitos federativos dos jogadores de futebol. Afinal de contas, o Santos garante ter prioridade no caso do retorno do atleta ao Brasil. Se dizendo tranquilo, o Rubro-Negro já planeja a apresentação do atacante.
Para muitos, essa discussão passa pela legislação falha que leva o nome do Rei do futebol. Mas muito antes da Lei Pelé o chamado chapéu já fazia parte da rotina dos clubes de futebol quando o assunto é a contratação de reforços. Nesse caso específico o Flamengo tenta levar a discussão para fora do Rio de Janeiro, uma vez que entre os clubes cariocas esse tipo de polêmica não é novidade. O MQJ relembra dez casos envolvendo chapéus:
BEBETO
Um chapéu que entrou para a história do futebol. No fim da década de 80 o atacante Bebeto brilhava com a camisa do Flamengo, porém, fora de campo seu emprésrio penava para conseguir prorrogar o contrato, já que os valores oferecidos eram considerados baixos em relação ao talento do atleta.
Naquela época um clube só podia tirar o jogador de outro, sem acordo, se pagasse o valor de seu passe, que era fixado na federação de origem, no caso em questão, a do Rio de Janeiro.
Como o valor do passe de Bebeto era alto, os dirigentes do Flamengo pareciam tranquilos e cientes de que o jogador iria ceder à proposta. O que ninguém esperava é que o Vasco entraria no circuito, pagaria pelo passe e levaria o jogador para brilhar em São Januário.
O episódio na época chegou a ser registrado na Polícia, com Bebeto sofrendo ameaça de morte por parte de torcedores do Flamengo.
FERNANDO MACAÉ
Talvez um dos casos mais emblemáticos da rivalidade entre clubes. O jogador se destaca pelo Bangu quando o Flamengo tratou de contratá-lo. O jogador esteve pela manhã na Gávea, com George Helal, então dirigente flamenguista, e acertou as bases. Mas não assinou contrato. Foi apenas anunciado.
Na hora do almoço, Fernando Macaé chegou em casa e teve uma surpresa: Emil Pinheiro, então vice-presidente de futebol do Botafogo, havia depositado o dinheiro de seu passe na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). O dinheiro oferecido pelo Glorioso pesou e à tarde ele era anunciado pelo Alvinegro, que defendeu no fim da década de 80.
CARLOS ALBERTO DIAS
Outro caso em que Emil Pinheiro deu um chapéu no Flamengo, que chegou a pagar as passagens aéreas para que o então promissor meia do Coritiba voasse ao Rio de Janeiro. Os flamenguistas, porém, se esqueceram que precisavam ir buscá-lo no aeroporto. Gentileza feita pelo vice-presidente de futebol do Botafogo, que esqueceu o caminho da Gávea e o levou para a sede do Botafogo.
Carlos Alberto assinou contrato com o Botafogo, marcou o gol do título estadual em uma final contra o Vasco, em 1990 e teve grande passagem pelo Glorioso. Porém, o requinte de crueldade foi que a sua estreia foi contra o Flamengo, quando ele anotou o gol do triunfo por 2 a 1.
RENATO GAÚCHO E BUJICA
Chapéu em dose dupla? Foi o que aconteceu e adivinha quem levou: o Flamengo. Sabe o autor: Emil Pinheiro. Em 1991, aproveitando o clima de insatisfação dos dois jogadores com o Rubro-Negro o dirigente conseguiu convencer ambos a defender o Glorioso.
A estreia deles foi justamente no Maracanã e no clássico entre os dois clubes, que terminou empatado sem gols. As provocações na arquibancada entre as duas torcidas davam a tônica de que chapéu era coisa séria. Os rubro-negros cantavam: “você pagou com ingratidão…”. Do outro lado a resposta pornográfica: “É sem Renato, é sem Bujica, o Flamengo vai sentar na minha p.. ”
CLAYTON
O volante Clayton era um dos destaques do Botafogo no Campeonato Brasileiro de 2006 e fazia parte do projeto do clube para a formação de um granbde time em 2007. O então presidente Bebeto de Freitas dava a sua renovação de contrato como certa, apesar de o Alvinegro passar por dificuldades financeiras.
Porém, no meio do caminho apareceu Márcio Braga, presidente do Flamengo na época e que fez uma proposta tentadora ao jogador, que aceitou o projeto rubro-negro e vestiu a camisa flamenguista em 2007.
DIEGO SOUZA
Revelado nas categorias de base do Fluminense, Diego Souza, hoje ídolo no Sport, já foi pivô de um cahpéu histórico. Tratado como joia nas Laranjeiras, o jogador resolveu trocar de ares em 2005.
Negociado com o Benfica, em uma transação para muitos esquisita, ele não durou nem uma semana no clube português. Em uma ponte, foi apresentado poucos dias depois pelo Flamengo.
– Sempre fui Flamengo, tanto que tentei começar na Gávea – disse o jogador, na época. Hoje, com a camisa do Sport, provoca os flamenguistas usando a camisa do título de 1987.
WELLINGTON SILVA
O troco tricolor foi dado em 2013, quando o Flamengo vinha encontrando dificuldades de renovar o contrato do lateral-direito Wellington Silva. O joagdor então foi procurado pelo Fluminense e trocou a Gávea pelas Laranjeiras.
O defensor passou a ser chamado de traidor pelos dirigentes e torcedores flameguistas. E provocou na sua apresentação ao falar da troca.
– Sempre pensei alto e por isso consigo meus objetivos – disse ele.
LEANDRO AMARAL
O atacante Leandro Amaral vinha jogando muita bola pelo Vasco em 2007, mas quando o ano acabou não quis aceitar a cláusula de renovação automática de contrato. O motivo: uma transferência para o Fluminense, concretizada em janeiro de 2008. O caso porém estava longe de terminar.
O Vasco decidiu entrar na Justiça para fazer prevalecer a cláusula e os tribunais entenderam que o jogador teria que voltar para São Januário, o que de fato aconteceu mesmo com a tentativa do Fluminense de negociar a compra dos direitos federativos do atleta.
WILLIAN ARÃO
O chapéu de maior rivalidade recente envolve a troca de Willian Arão, que decidiu vestir a camisa flamenguista em 2016, mesmo com o Botafogo tendo depositado R$ 400 mil em sua conta para que ele prorrogasse o contrato em vigor.
A discussão entre ambos foi parar na Justiça e o futuro do atleta é incerto. O episódio abriu de vez um racha entre o presidente alvinegro Carlos Eduardo Pereira e o Flamengo, presidido por Eduardo Bandeira de Mello. Os clubes se tornaram inimigos politicamente.
LEIA MAIS: Relembre dirigentes que viraram ídolos
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