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Amor e ódio! Futebol do Peru tem forte relação com o Brasil

Próximo rival da Seleção Brasileira nas Eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2026, a seleção peruana é uma velha conhecida dos canarinhos. Mais do que isso, o futebol do Peru e o Brasil conseguem manter ao longo dos anos uma relação de amor e ódio. E isso será o tema do MQJ Memória de hoje.

O primeiro contato mais forte dos dois países no futebol aconteceu graças a um homem: Didi. Após duas passagens pelo tradicional Sporting Cristal em 1962 e 1963 como jogador e uma passagem como treinador em 1968, quando foi campeão nacional, o Didi aceitou um convite para treinar a seleção peruana na Copa que ocorreria dois anos depois, em 1970.

Didi

Ídolo brasileiro, Didi é um dos principais nomes do futebol do Peru | Foto: CBF / Divulgação

Após ter feito uma boa copa com o Peru, onde só foi ser eliminado nas quartas contra o país de sua terra natal, Didi parece ter deixado um bom legado para o futebol peruano, pois depois do revés na Copa, os peruanos conseguiram conquistar seu segundo título oficial na história do futebol, que foi: a copa américa de 1975.

Mesmo não tendo conquistado títulos com técnico da seleção, Didi ficou marcado na história do país, principalmente por resgatar a competitividade de uma seleção que nunca havia chegado tão longe em uma Copa do Mundo. Nas mãos de Didi o Peru foi de uma seleção desacreditada até uma oitavas de finais, saindo de forma honrosa contra a fortíssima Seleção Brasileira pelo placar de 4 a 2. Era o nascimento do futebol do Peru.

Brasil eliminou o futebol do Peru na Copa do Mundo de 1970

Brasil eliminou o futebol do Peru na Copa do Mundo de 1970 (Foto: Getty)

Aquele jogo, por sinal, foi marcante na conquista canarinho. Pelé, Jairzinho, Tostão, Gérson, Rivelino, Carlo Alberto Torres e tantos outros tiveram uma fase tranquila na etapa de grupos, passando por Tchecoslováquia, Inglaterra e Romênia. Nas oitavas viria justamente o time de Didi, ídolo para muitos dos craques brasileiros.

Com um gol de Rivellino, dois de Tostão e um de Jairzinho, o Brasil conseguiu os 4 a 2 e pegou embalo para seguir rumo ao caneco. Ainda superou o Uruguai por 3 a 1 nas semifinais, anulando o fantasma de 1950, e a Itália na final, com uma goleada de 4 a 1.

Um país inteiro sob suspeita

Peru é acusado de entregar o jogo para a Argentina (Divulgação)

Seleção peruana e Quiroga acusados de facilitar para Argentina. Mancha no futebol do Peru (Foto: Divulgação)

Se a relação de Didi com os peruanos uniu os dois países, a Copa do Mundo de 1978 arranhou a relação. Tudo por conta da suspeita de que o Peru teria facilitado a vida da Argentina em um jogo que todos esperavam grande dificuldade para a anfitriã.

Após ficar em quarto na Copa de 1974, a Seleção Brasileira entrava mordida para conquistar novamente o título mundial. Naquela ocasião, o Brasil passou com dificuldades na fase de grupos, terminando na segunda colocação com dois empates e uma vitória. Na segunda fase, houve uma outra etapa de grupos com os times classificados da primeira, e com mais um Brasil x Peru na história.

Brasil perdeu a Copa do Mundo de 1978 (Foto: Fifa)

Após duas vitórias e um empate, sendo uma contra os peruanos por 3 a 0, outra contra os poloneses por 3 a 1, além do clássico contra a Argentina, que terminou sem gols, o Brasil não conseguiu se classificar para a decisão do torneio. A única chance seria se a Argentina não vencesse o Peru no último jogo do grupo por mais de três gols de diferença. Os argentinos golearam por 6 a 0 e se classificaram.

Anos depois o goleiro do Peru e que tinha nacionalidade argentina, Ramón Quiroga, deu a entender que alguns de sua equipe se venderam.

– Foi um jogo estranho. Os que pegaram dinheiro morreram depois ou acabaram para o futebol. Sinal que existe sim um Deus – disse ele, que levou a culpa sozinho por anos.

Um ano para lavar a alma contra o futebol do Peru

Brasil de Denilson massacrou o futebol do Peru em 1997

Brasil de Denilson massacrou o futebol do Peru em 1997

Após alguns anos, Brasil e Peru se reencontraram em um ano marcante para o futebol dos dois países. Três anos após a conquista do tetracampeonato mundial da Seleção Brasileira chegou forte para a Copa América de 1997. Com um timaço liderado por Romário, Edmundo e Ronaldo, a equipe passou por cima dos seus adversários naquela memorável conquista.

Depois de fazer uma fase de grupos sem muito susto, com três vitórias em três jogos, despachando a seleção colombiana, Mexicana e Costarriquenha, a Seleção Brasileira passou das quartas de finais depois de um bom triunfo por 2 a 0.

Nas semifinais teria o Peru pela frente e os brasileiros massacraram os rivais com um triunfo por 7 a 0. Romário fez dois gols e foi o nome do jogo. O Brasil conquistaria o título batendo a Bolívia na final. Os bolivianos, donos da casa, perderam por 3 a 1.

Ainda em 1997 a final da Libertadores foi entre Brasil e Peru, ou melhor, Cruzeiro x Sporting Cristal. Um gol de Elivélton garantiu o triunfo dos mineiros por 1 a 0 na partida decisiva.

Troca de ídolos

Guerrero Corinthians

Guerrero brilhou no Mundial e no futebol do Peru | Foto: AFP via Getty Images

Se Didi foi um ídolo no Peru, os peruanos deram um ídolo a uma torcida brasileira, mais precisamente, a do Corinthians. Após a inédita conquista do Corinthians na Copa Libertadores de 2012 contra o tradicional time argentino Boca Juniors, em junho do mesmo ano, o time do Parque São Jorge fechava a contratação do centroavante peruano Paolo Guerrero para disputar o restante das competições e o Mundial de Clubes que só seria realizado no final do ano.

Na grande final o Corinthians bateu o Chelsea por 1 a 0 e Guerrero foi o autor do gol. Seu nome estava escrito para sempre na história do Corinthians e dop futebol brasileiro. Ele ainda defendeu, sem grande sucesso, outros clubes brasileiros, como Flamengo, Internacional e Avaí.

Nada de Maracanazo

Copa América 2019

Brasil campeão da Copa América 2019 em cima do futebol do Peru | Foto: Lucas Figueiredo / CBF

O último momento marcante entre os dois países foi a final da Copa América de 2019. Mesmo sem Neymar, lesionado, o Brasil foi passando e chegou à decisão contra a surpreendente seleção do Peru.

Nos dias antes do jogo os peruanos provocaram os brasileiros falando em Maracanazo. Isso porque o Brasil recebeu o torneio e a finalíssima seria no Maracanã. Everton Cebolinha, Gabriel Jesus e Richarlison fizeram os gols em um 3 a 1 dos brasileiros. Guerrero descontou, mas não evitou o triunfo e o título do Brasil. O futebol do Peru perdia outra para os canarinhos.

Como podemos ver, o futebol do Peru tem fortes ligações com a Seleção Brasileira e até mesmo com alguns clubes brasileiros. As duas seleções duelam nesta terça-feira, em Lima, pela segunda rodada das Eliminatórias. Mais uma vez o Brasil vai cruzar o caminho do futebol do Peru.

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